sábado, 3 de dezembro de 2016

As tecnologias que podem revolucionar o futebol


A tecnologia GoalControl4D tem sete câmeras por baliza e avisa
instantaneamente o árbitro quando a bola ultrapassa a linha do gol

Tradicional, o futebol é o esporte que mais resiste a entrada da tecnologia. No entanto, a evolução dos equipamentos e os erros estão forçando o esporte a se adaptar, mesmo que de forma tardia.

As oitavas-de-final da Copa do Mundo de 2010, na África, mudaram o futebol. Quando o inglês Frank Lampard chutou a bola em direção ao gol da Alemanha, com 2 a 1 no placar para os germânicos, Lampard nem hesitou em esboçar uma comemoração. A direção da bola foi caprichada: após fazer uma parábola, ela tocou o travessão, pingou quase um metro dentro do gol e saiu de volta para as mãos do goleiro alemão. Para todos, havia entrado. Menos para o juíz Jorge Larrionda. A Inglaterra acabou perdendo por 4 a 1. Aqueles segundos de dúvida do árbitro uruguaio trouxeram à tona, de uma vez por todas, a discussão da tecnologia no futebol.
Para Túlio Velho Barreto, pesquisador de futebol, esse jogo se juntou a outros dois na memória dos erros de arbitragem e auxiliam o debate: Inglaterra x Alemanha, na Copa de 66, que até hoje se discute se a bola do gol inglês entrou ou não, e Argentina x Inglaterra, em 86, quando Maradona fez o famoso gol de mão. “Às vezes, jogos duram décadas por causa de erros de arbitragem”, comenta.

Quem decide as regras do futebol é a Internacional Board, órgão associado à FIFA. Nas últimas décadas, foram centenas de modificações, mas poucas com efeito significativo. Recentemente, foram implementadas 95 novas regras, a maioria detalhes como a proibição da paradinha, quando um atleta tenta ludibriar o goleiro ao diminuir a passada no pênalti, e até a obrigatoriedade em usar uma cueca da cor do calção, caso ela seja visível.


 Portanto, a tecnologia é capaz de modificar, pela primeira vez em décadas, lances cruciais do jogo. A regra do impedimento, por exemplo, teve apenas três pequenas alterações desde 1863. “São mais de 150 anos em que a regra mudou muito pouco”, diz .”O futebol não pode eternamente dar as costas para a evolução”, comenta Barreto, para depois citar tênis, rugby, futebol americano e basquete como esportes que têm a tecnologia como aliada.


Na tecnologia da linha do gol, o árbitro recebe
um aviso em seu relógio de que a bola entrou
Até a própria FIFA, entidade máxima do futebol, já admitiu que esse é o futuro. Em março de 2016, a federação aprovou testes para a utilização de algumas tecnologias. "Estamos em um momento bem especial. A tecnologia vai qualificar o jogo. Não vai ter como errar”, comenta Eduardo Conde Tega, CEO da Universidade do Futebol, entidade que estuda todos as áreas do esporte.



Utilizada na última Copa do Mundo, a tecnologia
da linha do gol também é já é usada frequentemente
em alguns campeonatos nacionais, como
o inglês o o francês
Recentemente, o futebol começou a se adaptar com pequenas alterações. A comunicação entre os árbitros foi uma delas. Antigamente, o árbitro precisava ficar atento ao bandeirinha, para ver se o assistente havia levantado a bandeira. Hoje, há uma braçadeira que vibra caso o bandeirinha aperte um botão na bandeira. Há, porém, duas tecnologias que devem revolucionar o futebol. A tecnologia da linha do gol e do árbitro de vídeo. A primeira já é utilizada em algumas competições, enquanto a segunda está em fases de teste. Saiba mais sobre esses recursos:

 Tecnologia da linha do gol



Depois que a International Board decidiu pela utilização da tecnologia para validar gols e impedir erros da arbitragem, várias empresas se arriscaram para oferecer os equipamentos que detectam que a bola entrou por completo.
A tecnologia GoalControl4D, feito pela empresa alemã GoalControl FmbH é utilizada nas competições oficiais da FIFA desde 2013. O equipamento consiste em sete câmeras para cada trave, todas conectadas a um computador que analisa as imagens e envia sinal para o relógio dos árbitros.
Também há outro tipo de inovação que pode identificar se a bola passou a linha ou não: a do campo electromagnético. Essa tecnologia se baseia em um sensor dentro da bola, que envia sinais a uma central de GPS e também avisa o árbitro.
Atualmente, campeonatos nacionais como o Francês e o Inglês são alguns que já têm esses tipos de inovação.

Árbitro de vídeo


Recursos que identificam o impedimento ainda
não tem previsão de serem implementados
Em discussão na International Board, o árbitro de vídeo talvez seja a maior mudança do futebol envolvendo a tecnologia. Chamado pela FIFA de Video Assistant Referees, o recurso vai permitir que um árbitro fique em uma central de replays para analisar os lances.
O Brasil é um dos seis países autorizados a fazer experiências com o uso do árbitro de vídeo, que só poderá interferir em quatro tipos de lance: determinar se um gol foi marcado, marcações de pênalti, expulsões e identificar um jogador, caso haja a suspeita de punição equivocada de um atleta. Em lances de impedimento, o recurso só seria utilizado em situações claras de gol.

Críticas em relação a tecnologia no futebol


Para Conde, um dos maiores obstáculos é emocional: o chamado romantismo do futebol, que teme que a implementação da tecnologia possa prejudicar a tradição do esporte. “A resistência começa em quem diz que, com a tecnologia, o esporte perderia a discussão de bar”, afirma. “A essência do esporte não vai se alterar”, rebate.
Barreto concorda e acredita que a emoção não vai se modificar depois que a tecnologia for implementada. “A introdução de tecnologia de monitoramento deixaria o jogo preciso e com o mesmo grau de emoção”, analisa. O pesquisador ainda compara o futebol com o tênis. “O tênis passou por modificações. Antes não haviam sensores nas redes e não existia o desafio dos atletas em bolas duvidosas. A emoção continua a mesma. As regras do jogo devem procurar um equilíbrio entre a racionalidade e emoção”, completa Barreto.
Barreto ainda lista outros motivos que fazem as pessoas recusarem a tecnologia. “Outro argumento é de que há um entendimento de que a popularidade do futebol decorre do fato de serem poucas regras e de fáceis compreensão. Eu discordo”, afirma.
Tanto Conde quanto Barreto concordam: é inevitável a implementação da tecnologia no futebol. A discordância, porém, ocorre no tempo em que isso vai ocorrer. Enquanto o pesquisador duvida da International Board e sugere que as mudanças devem ocorrer em mais de uma década, Conde acha que as inovações devem chegar ao esporte nos próximos dez anos. “Pelo histórico, eu penso que vai demorar um tempo para que haja mudanças mais significativas”, comenta Barreto.

Fonte: iq.intel.com.br





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