sexta-feira, 18 de novembro de 2016



Janc, um jovem jogador de futebol



O criador da Copa A Gazetinha, jornalista José Antônio Nunes do Couto, o Janc, desde menino sempre esteve ligado ao futebol. Na sua infância e juventude, andou dando uns chutinhos na bola, atuando como zagueiro, ponta direita e goleiro, onde acha que conseguiu se destacar um pouquinho. Principalmente pela história  que ele nos conta a seguir.

O dia que Zé Couto fechou o gol


Um coisa curiosa na minha não tão longa história como jogador de futebol: a melhor posição que joguei foi a de goleiro. Eu tinha os meus 16 anos e estudava interno no Ginásio Pan-Americano de Aimorés e jogava de goleiro no time da nossa classe. Tinha uns colegas mais velhos que jogavam o campeonato local pelo segundo quadro do Atlético Aimoreense e eles me inscreveram no time.

Este era o time da 3ª série do Pan-Americando de Aimorés,
campeão de 1952. No verso da foto tem a escalação: Em pé-
Amaro, Zé Couto, Dutra e Tondinha. Agachados- Haroldo,
José Valter e Clair.
A minha estreia seria num domingo contra o Ferroviário. Naquele dia, após digerir a gororoba que o internato nos servia, peguei meu material de jogo e segui para o estádio de cobertura de zinco do Ferroviário. Fui direto para o vestiário. 

O treinador começou a distribuir as camisas e nada dele me passar a do goleiro. Fiquei frustrado. Todos receberam o material de jogo e eu, nada! Aí, quando todos saíram, o treinador se aproximou de mim e como estivesse pisando em cacos de vidro, me disse, com ar suplicante: "Olha, o negócio é o seguinte: o nosso goleiro do time titular vinha de Resplendor, o trem já passou e ele não veio. Bom... só temos você de goleiro pro jogo principal."

Eu fiquei assustado e a única coisa que consegui dizer foi: "Tá bom, mas eu não garanto nada..." Aí, o treinador me deu a camisa de goleiro do primeiro quadro e quando vesti,  ela era tão grande para a minha estatura, que a manga foi além quase um palmo da minha mão.

Quando acordei para a situação, fiquei apavorado. O time adversário tinha o artilheiro do campeonato, um centro avante do tamanho de uma montanha e que chutava forte pra dedéu. Aí, apelei para os santos. Fiz um monte de promessas, rezei muitas ave-marias, pedindo aos santos que me protegessem para enfrentar o artilheiro grandão e a bola pesada, já que caia uma chuva fina.

Pra encurtar a história, vamos logo para o jogo. A torcida do Aimoreense, quando viu o goleirinho novo do seu time, achou que naquele  dia seria uma goleada do adversário. 
O jogo começou e eu rezava para os meus santos protetores e isto deu certo porque quanto mais o adversário chutava, mas eu defendia. Consegui botar pra escanteio até um chutaço do atacante montanha...E o jogo terminou 1 a 1 com toda a torcida querendo saber quem era aquele goleirinho.

Bom, feliz da vida, de noite fui para a pracinha de Aimorés, onde a juventude se reunia durante a noite, com as moças circulando de um lado e os rapazes do outro, de uma maneira que sempre se cruzavam.. 

E eis que me parece lá, na sua bicicleta (naquela época era o principal meio de transporte em Aimorés) o então radialista Esdras Leonor, que tinha um programa de esportes na Rádio Aimorés (ZYO 20) , a única que trazia o "ovinte" no prefixo... Me convocou para ser entrevistado e, montado no bagageiro da  bicicleta, fui para a emissora. Foi a minha glorificação porque grande parte da população aimoreense passou a conhecer o Zé Couto (era assim que me chamavam), o goleiro revelação de Aimorés.

A partir daí, queriam que eu continuasse jogando. Mas, pensei, pensei e pensei e cheguei a seguinte conclusão: A minha proeza foi uma “cagada” , uma sorte,  que eu nunca conseguiria repetir. Aí , quando me chamavam para jogar, eu descartava com este argumento: "Olha, estamos no final do ano, as provas finais vem aí e eu só estou pensando nelas..."

A minha proeza como goleiro foi esta. Acho que não continuei sendo aquele goleiro fantástico daquele jogo porque não paguei nenhuma das não sei contas promessas que fiz aos meus santos naquela tarde inesquecível no estádio de cobertura de zinco do Ferroviário.... (JANC ou Zé Couto, se preferir...)


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